sábado, 1 de julho de 2017

AC/DCover 10 anos!

(Bem... antes de tudo, talvez só quem entenda os nomes das histórias citadas abaixo são integrantes, fãs, ou pessoas ligadas ao AC/DCover. O maior tributo ao AC/DC do Rio de Janeiro. Por ser uma banda do underground do rock carioca achei aqui mesmo no blog, pra ficar registrado, como a melhor maneira de contar a história dos primeiros 10 anos da banda, que vão de 2007 à 2017).


AC/DCover foi formado pelos guitarristas e
irmãos Castro e está na estrada desde 2007
(Clique nas imagens para ampliá-las)



Julho de 2007, os irmãos Paulinho e Fabrício de Castro retornaram ao Rio de Janeiro de uma viagem à Escandinávia, na qual foram curtir o Sweden Rock Festival para assistir Motörhead, Heaven & Hell, Scorpions entre muitas outras do rock pesado. Na bagagem uma guitarra Les Paul e um baixo Epyphone Allen Woody para um objetivo de montar uma banda cover de Motörhead. Porém nos primeiros ensaios não conseguiram se ajustar com o baterista e a idéia não vingou muito.


Dvd que uniu os formadores
do AC/DCover


Junto com os instrumentos veio o Dvd "Family Jewels" do AC/DC, o qual Paulinho foi assistir com os amigos na casa de seu vizinho Guillermo. Entre eles estava Dudu "Scott", o qual junto com Paulinho tinham um desejo antigo de montar um tributo à banda australiana dos irmãos Young. Na empolgação do vídeo, tomando umas e outras, resolveram com o também presente Allyson Campos formar ali mesmo banda.

Primeiro show à vera do AC/DCover
foi no Audio Rebel em Botafogo.



Na mesma hora Paulinho ligou para o seu irmão para fazer junto as guitarras. O lance dos irmãos guitarristas era um ótimo ponto. Não se tem conhecimento de nenhuma outra inclusive. Dudu seria o vocalista, Allyson o baterista, e convidaram Bruno Lima, baixista do Tatubala, conjunto autoral de Paulinho de Castro, pra fechar o time. Os primeiros ensaios foram no exótico MB Studio, na Rua Ministro Viveiros de Castro, em Copacabana.

Paulinho, o "The Devil" do AC/DCover
tocando Highway To Hell no Heavy Duty
A idéia inicial era tocar somente as músicas da fase Bon Scott, e o primeiro set list a ser ensaiado foram com as seguintes: Gimme A Bullet, Jailbreak, Rocker, Whole Lotta Rosie, T.N.T, Sin City, Girls Got A Rhythm, Highway To Hell, Overdose e Problem Child.

Dudu Scott, primeiro vocalista





Faltava o nome. De início pensaram em Bad Boy Boogie, mas Fabrício veio com a idéia do trocadilho "AC/DC+Cover" e ficou então: AC/DCover. Paulinho tinha uma guitarra SG antiga, improvisou um uniforme colegial do Angus, um boné e foram em frente.

Primeiro flyer virtual
A primeira apresentação foi num churrasco de amigos, mas o primeiro show de verdade foi na Audio Rebel, em Botafogo, com a banda BR-101 abrindo a noite. Allyson, Paulinho e Fabrício se articulavam na tarefa de arrumar lugares para a banda tocar. O Heavy Duty e o Saloon 79 foram uns dos primeiros locais a abrirem as portas no início do AC/DCover naquele ano de 2007. 



O Zeca, dono do Heavy Duty dizia: "-Vocês fazem show de verdade! Não é como qualquer bandinha que chega aqui e só toca não. Quebram tudo P....!". Comentário alusivo à uma apresentação emblemática, quando no fim do show, durante a música Rocker, a caixa de som caiu lá de cima do palco, e em seguida ainda quebraram (por acidente) uma das luzes de neon que decoravam o bar. Isso após, o próprio Zeca já ter estourado os ouvidos do público entrando no salão com sua Harley Davidson e ter posto fogo no palco com seu lança-chamas.
Com Renato Gralha nos vocais em 2008

Um início empolgante. Porém Dudu, não era de fato um músico, nunca havia tido qualquer contato com banda e nenhum tipo de estudo com a música. Formou o grupo apenas pelo seu amor ao AC/DC. Também não era muito fã de compromissos. Não que faltasse algum, mas não gostava. Então resolveu ele próprio deixar o grupo.



No Concepcione em Vila Isabel
Para o seu lugar veio Renato Gralha, o "Véio Scott". Já cascudo e experiente no assunto AC/DC, o qual inclusive já possuía uma banda tributo, a Riff Raff. Completou os shows daquele ano e ficou em 2008 no grupo, onde tocaram, além do HD e Saloon, no Concepcione Pub (em Vila Isabel), Palácio do Rock (Madureira), Bar do Frank (Olaria) e Néctar (Vargem Grande). Mas em meados daquela época retornou exclusivamente ao seu grupo de origem Riff Raff. 


Marcus Soró, cinco anos de AC/DCover

Ficou-se então um vazio no AC/DCover à procura de um frontman. Na época colocaram anúncio no Orkut. Até terem a resposta de um tal Marcus "Soró", o Negro Dito. Dali em diante a vida do AC/DCover nunca mais seria a mesma... 



No Clube Caxiense, abrindo para a Black Dog
Marcaram o ensaio-teste para o Soró. Agendaram um estúdio na Rua Fernandes Guimarães em Botafogo. Estavam já na sala com tudo pronto à espera do vocalista. Quando de repente toca o telefone do Allyson, o qual havia feito o contato. Era Soró: "-Estou em Copacabana, não tem nenhum estúdio aqui! O quê é isso!? É Pegadinha!!?". Allyson havia sem querer passado o endereço errado. No final deu tempo de Soró chegar ainda ao ensaio, conquistar a galera e entrar no grupo. 

Veio o ano de 2009, o baixista Bruno Lima saiu da banda para dar lugar à Alexandre, mas este só fez dois shows, e quem surgiu mesmo para quebrar tudo foi nada menos que Augusto Mattoso. O "Nosso Bom Augusto" era baixista já renomado no underground do jazz, e de nomes como Carlos Malta e cia, turnês pelo mundo, etc. Ele dizia: "-Vivo da música instrumental, mas o que me dá prazer mesmo é tocar o bom e velho Rock n´Roll". 


Na primeira vez no Calabouço em 2009.
Noite com o Metalmorphose.

Formado o novo AC/DCover, o leque de apresentações foram se expandindo como Tomarock e Veneno da Cobra em Caxias. Uma delas em especial, a então nova casa na Tijuca, o Calabouço Heavy & Rock bar, na qual o AC/DCover em sua primeira noite abriram para o Metalmorphose. O local virou um dos preferidos do grupo até hoje.



Com o Zeca na capa
da revista Diversão do Extra

Neste período no Saloon 79 surgiu um festival chamado Money For Covers. O AC/DCover resolveu participar, e após algumas fases chegou à finalíssima do evento. No dia 21 de outubro de 2009 a casa recebeu o maior público de sua história. A cada apresentação, tinha que sair tantas pessoas para poderem entrarem outras. Na fila estava a apresentadora Cissa Guimarães, mãe do músico Rafael Mascarenhas, que também era finalista com seu tributo ao Red Hot Chili Peppers. Inclusive a banda original o fez uma homenagem tempos depois no Rock In Rio IV, devido ao seu trágico falecimento poucos meses após o evento do Saloon. 


Com o cheque do prêmio
do Money For Covers no Saloon 79
Showrasco para os fãs!!

Voltando com o Saloon abarrotado de gente e encerrada as apresentações, o AC/DCover venceu o festival por somente quatro votos de diferença. Receberam um cheque, e com parte dele, a banda havia prometido ao público de que se vencessem o festival fariam um Showrrasco para os fãs. Promessa cumprida!

Estréia de Léo Sampaio na batera
no Satisfaction Rock Bar em 2010


Em 2010,  Allyson Campos deu lugar na bateria à Léo Sampaio para se dedicar ao seu projeto Full House Violin Live, o qual se destaca como violinista. Léo, que já havia tocado com Celso Blues Boy acabou entrando e ficando de vez no grupo até os dias atuais.

A formação Paulinho, Fabrício, Soró, Augusto e Léo durou um bom tempo, consolidando de vez o AC/DCover no underground carioca e nos principais bares de Rock da cidade. Shows na Sala Baden Powell, Rolling Stone Disco em Itaguaí, Maestrina em Niterói e festas Vulcânica e Drink No Inferno com o especial "Rock In Rio 85´". A banda neste momento seguia o objetivo de tocar nos shows discos na íntegra como: Let There Be Rock, Jailbreak 74´, Powerage e Back In Black. 


Na Lona Cultural Elza Osborne em 2013
No fim de 2013, Augusto teve de deixar a banda, devido a grande agenda de compromissos com Carlos Malta. Para o seu lugar veio o baixista Darlon Pitta, onde se apresentaram novamente no Néctar. Na platéia uma curiosidade: Estava Aristeu Pessanha, o qual na época virou fã da banda e passou a frequentar shows do AC/DCover . 


                                     AC/DCover na Lona Cultural Elza Osborne em 2013

A formação com Darlon fez uma grande apresentação na Lona Cultural em Campo Grande entre outros shows. Mas este quinteto só durou até julho de 2014. Soró infelizmente teve de deixar o grupo por questões cotidianas paralelas. 

Com alguns shows já marcados, Paulinho tentou convidar alguns vocalistas já rodados na noite carioca, mas nenhum quis firmar compromisso, ou disse ter disposição pra cantar AC/DC num show inteiro. Afinal, cantar Bon Scott e Brian Johnson não é fácil. 


                                    Primeiro ensaio caseiro entre Paulinho e Aristeu


Paulinho já tinha uma certa amizade de shows com Aristeu, que inclusive iria contratar a banda para o seu aniversário de 50 anos. Foi quando o guitarrista lembrou de um vídeo de Aristeu cantando "Smoke On The Water" e resolveu apostar nele. Acertou em cheio!

Formação atual do AC/DCover
O convite foi feito e Aristeu caiu dentro. Contratou até uma professora para ensinar as técnicas das duas fases distintas do AC/DC. Neste mesmo período o baixista Darlon, após alguns ensaios, também teve de deixar o grupo em 2014. Mais outra dor de cabeça para o AC/DCover. Porém fuxicando outras bandas tributo ao AC/DC no Facebook, Paulinho achou Monstro da banda Overdrive. Conseguiu seu contato e o chamou pro AC/DCover. 

Outdoor do AC/DCover em Itaperuna-RJ

Mosntro já fazia parte outras tantas bandas tributos, dentre elas, o Anesthesia, cover de Metallica. Na época o AC/DCover estava tocando o set do Dvd "Stiff Upper Lip Live". Ajeitaram o repertório e foram pro palco e até os dias de hoje, o AC/DCover vem aumentando o seu público e conquistando novos espaços. 


Flyer do show no Jack Daniel´s
em março de 2017

Muitos shows de lá pra cá: Brooks Pub, Lapa Irish Pub, Botto Bar, Balle Pub, Kult Kolector, Bar do Blues, Rota 65, Jack Daniel´s Rock Bar, Empório em Itaperuna-RJ, Trik-Trik em Rio das Ostras-RJ, com participação especial do guitarrista Otávio Rocha do Blues Etílicos, e Backbone Pub em Nova Iguaçu-RJ. 



Fabrício com sua Gretsch
Malcom Young e Aristeu






Destaques também para banda de show de encerramento do Mondial de la Bière. Também pelo segundo lugar no quesito Melhor Banda Tributo no Calabouço Awards em 2016, atrás somente do Brazilian Maiden. Em 2017 um Carnarock inesquecível com a Black Dog no domingo de carnaval no Vogue Square lotado na Barra.

Comemorando os 35 anos do "Back In Black" em 2015

A banda segue firme no objetivo de tocar discos e shows na íntegra. Muita lenha ainda para queimar, e entre os já realizados estão:
-High Voltage
-Let There Be Rock
Brinde após mais um show no Botto Bar
-Powerage
-If You Want Blood... You´ve Got It
-Highway To Hell
-Back In Black
-For Those About To Rock
-Rock In Rio I - 1985
-Stiff Upper Lip Live
-Circus Krone 2003
-Live At River Plate


AC/DCover tocará na íntegra os álbuns
"Iron Man 2"e "Live Donington" em 2017



Parabéns pelos 10 anos e vida longa ao AC/DCover!!
Agradecimentos em especiais aos fãs: Bruno Paulino, Rogério Ramos e ao casal Paulo Braga e Rose Prado.


Bruno Paulino, Fã nº 1 do AC/DCover

Let There Be Rock!!



AC/DCover: 2007-2017...


Agenda AC/DCover 2017:
-08/07 - Saloon 79 - Botafogo - Show 10 anos de AC/DCover!
-21/07 - Calabouço Heavy & Rock Bar - Tijuca - Especial: "Iron Man 2" na íntegra!
-25/08 - Saloon Beer Barr - Itaipu - Niterói-RJ

-12/08 - Paradise Garage - Teresópolis-RJ
-26/08 - Rio Beer Rock Festival - Tijuca Tênis Clube
-02/09 - Trik Trik PUB - Rio das Ostras-RJ
-14/10 - Calabouço Heavy & Rock Bar - Tijuca - Especial: "Live - 2 CD Collector´s Edition" na íntegra!



AC/DCover no Rio Beer Rock Festival em agosto de 2017 no Tijuca Tênis Clube


segunda-feira, 22 de maio de 2017

Do 999 ao 1000

Essa semana comemorou-se os 10 anos do milésimo gol do Romário, que foi concretizado na partida entre Vasco 3x1 Sport Recife, no dia 20 de maio de 2007, pelo Brasileirão daquele ano. Houve até matéria especial no canal Sportv, na qual apareci, e quem me conhece já deve ter me ouvido eu contar a lendária história da foto, em que eu fiquei no canto da bola. 
Link > Matéria 10 anos do Gol Mil do Romário

Um ano antes do feito, em 2006, o baixinho havia feito três gols numa partida contra o Botafogo. Dali, no Site oficial do Vasco foi colocado a contagem regressiva para o milésimo, se não me engano "Faltam 55 gols!". Lembro que começou-se a especular muito o onde, o quando, o contra quem, e com que camisa ele atingiria a grandiosa marca. Uns citavam o próprio Vasco, uns a Seleção Brasileira e outros até mesmo o rival.

O fato é que Romário foi jogar na Austrália, fez um monte de gols lá, e com um projeto do Vasco, ele retornou ao clube para fazer o tal gol mil. Lembro de muito comentarista e torcedor desmerecendo a contagem, alegando que demoraria tantos e tantos anos pra ele conseguir o feito.

Para a surpresa de muitos, em sua volta ao Rio, Romário foi metendo um gol atrás do outro, em diversas vezes fez até três na mesma partida, até chegar enfim no só "Faltam 02". Contagem já estabelecida até na própria camisa do jogador com o número 998 gols.

Romário entre em campo na vitória vascaína por 3x0 contra o Flamengo.
Fotos: Paulo Fernandes
Nesta época eu tinha colocado na minha cabeça que iria que iria fazer a foto do milésimo. Ficou meio que uma obsessão pra mim. Em 25 de março de 2007, o Vasco goleou o Flamengo por 3x0, com o último gol da partida, o 999º, sendo feito pelo artilheiro. Consegui registrar, bola estufando a rede do goleiro Bruno. Tudo lindo. Mas faltava a cereja do bolo, que enfim não veio naquele dia. 

Romário faz o gol de 999 no goleiro Bruno.

Romário, não jogou no meio da semana contra o Americano de Campos em São Januário, deixou a festa para domingo no Maracanã, contra o Botafogo. O estádio ficou lotado de vascaínos. Mas o alvinegro levou a melhor por 2x0. Romário teve algumas pequenas chances. Eu com minha câmera, atrás do gol me frustei, assim como todos. Mas estava ali, olhos atentos, marcando em cima.

Uma das chances perdidas por Romário contra o Botafogo.

Em seguida, a vez do Gama-DF, pela Copa do Brasil, novamente no maior do mundo. Nova decepção e derrota por 2x1. Este jogo já tenho uma história particular curiosa. Acho que na época era feriado, e eu estaria liberado para folgar. Minha mãe me convidou para ir à Bahia, visitar nossa família. Neguei o convite e ela ainda me debochou de brincadeira "-Esquece Romário, vamos aproveitar o feriado!". Rebati na mesma tecla que iria fazer a foto do gol mil. E infelizmente o gol não veio novamente, com ela ainda me zuando na segunda-feira. "-Viu!? Perdeu a viagem!" (risos).

Juninho, goleiro do Gama, não quis ficar marcado pelo milésimo.

A saga continuava, e no caminho, novamente o Botafogo. Seria a vingança da última derrota!? Novamente não. E não faltaram gols nesse dia. Um eletrizante empate em 4x4. A melhor chance veio num próprio gol cruzmaltino, acho que do zagueiro Jorge Luiz, em que ele encobre o goleiro, o Romário dá um peixinho e por cerca de dois centímetros não alcança a bola. Alguém na época comentou comigo, que se ele estivesse em forma como em 2005 ele teria feito. A novela não acabava. 

O famoso "Quase Gol Mil" novamente contra o Botafogo.

Enfim, chega o dia 20 de maio de 2007, após quatro partidas em que ele esteve em campo veio o final feliz. Naquelas coisas em que você mete na cabeça que vai fazer, e com ajuda do destino consegue alcançar. De pênalti, como Pelé, só que em São Januário lotado. Preferi assim, na nossa casa, comigo atrás do gol, tive a felicidade de registrar aquele momento ímpar da história do futebol.

Sonho realizado. Enfim o gol mil na partida entre Vasco x Sport.
Fotos: Paulo Fernandes

sexta-feira, 3 de março de 2017

As Composições do Tatubala

"Um, dois, três, quatro...". Se dá o início a mais nova música da banda no palco. Fica a expectativa da boa execução e consequentemente da reação do público. Isso levando em conta quando se é um grupo independente querendo mostrar o seu trabalho. Mas antes de saber resultado dela, é bom saber que houve muita coisa antes da música chegar prontinha ao ouvido da platéia. O que inspirou o compositor a fazê-la? Como foram os ensaios pros arranjos dela?

Portanto contarei abaixo algumas curiosidades sobre as principais músicas da minha eterna banda autoral Tatubala:

Chá das 5
Acho que raramente, ou nunca, fiz um show do Tatubala sem ela. Tudo começou após estar brincando com o violão e escutando o disco "Band Of Gypsys" do Hendrix. Naquela onda de solar cantando junto, criei o riff inicial de Chá das 5. Em seguida fui fazendo uma basezinha suingada e continuei até o fim. Esta, assim como a maioria das minha composições nasceram de forma instrumental. Neste fim de 2001 já estava com a banda ensaiando os primeiros repertórios com Bruno Lima no baixo e Vitor Sulzer na bateria. 

Vitor Sulzer, Paulinho de Castro e Bruno Lima
Foto: Kiko 9
Batizei-a  de "Chá das 5" devido no meu prédio, a gente se encontrar no fim da tarde pra tocar uma viola, conversar, etc. Era a hora que o pessoal chegava da aula, do trabalho, ou mesmo quem não fazia nada aparecia por lá...

Desses encontros é que veio também a idéia da letra de mostrar a confraternização de pessoas, com seus gostos, crenças e lugares diferentes, que juntos podem se encontrar de forma pacífica. 

Em 2002 passei a cursar a Escola de Música Villa Lobos. Tinha apenas pouco contato com os alunos da minha sala, na época de leitura e escrita musical. Nessa aula era muita gente mais nova do que eu. Mas lá em cima da escola tinha um tal do café em que os demais alunos, já mais cascudos, se confraternizavam. Mas como era novo no recinto e conhecia poucos, raramente passava por lá pra interagir. 

Foi quando vi o anúncio do Fest-Villa pra cada um inscrever sua música. Na época, gravei minha cassetezinha com a gravação que tinha com o Tatubala e deixei na secretaria, na última hora inclusive. Quando saiu o resultado das classificadas, fiquei super-feliz em vê-la entre as selecionadas para tocar no festival. 

Tocando "Chá das 5" no Fest-Villa em 2002
Foto: Maria Eliza
Fiz duas apresentações "daquelas"de arrebentar (semifinal e final), jogando chazinho pra galera, tocando com a boca, com público cantando refrão, etc. Como a maioria dos demais concorrentes e participantes se comportaram no palco de forma tranquila, aquilo chocou muita gente. O músico jurado Carlos Malta, veio a mim dizer que foi a melhor performance. Uma honra!

Engraçado, que dali, muitos vieram a passar por mim e me cumprimentar "-Oi Chá das 5! Tudo bem Chá das 5? Fala Chá das 5!". O bom é que com isso fiz amizades com muitos músicos no tal café da escola. Conheci e aprendi muita coisa.

"Chá das 5" tenho um carinho especial, que apesar dela nunca ter vencido algum prêmio destes festivais que participei, foi a que levou o Tatubala à MTV (sem jabá) com o seu vídeo clipe pra lá descontraído. 
Clipe: Tatubala "Chá das 5" exibido na MTV 

Aliás, existia uma rádio virtual chamada Rádio Microfonia, em que ela ficou entre as mais pedidas da galera. Mas no festival Hélio Alonso, tinha que ver a cara de desapontada da jurada Elza Soares. Faz parte do show...rs


                                   "Chá das 5" no programa Atitude.com da TV Brasil

Oiá Mauá
Tatubala no Sarau do CEAT em 2003.
Esta foi a primeira música com letra que fiz na vida, ainda com a antiga banda Jeca. Em feriadões costumava ir muito à Visconde de Mauá curtir as cachoeiras e a noitada de lá. Numa dessas viagens, em uma fase de ouvir bastante Bob Marley, na qual costumava ir bastante no cover que rolava no Rio, veio a inspiração no caminho pra fazer esse reggae.

Era música sempre presente nas minhas rodinhas de violão. Conta o que fazíamos essencialmente em Mauá. Como meus amigos gostavam bastante dela, levei-a para o Tatubala em seguida. Fez parte da demo "Escolhe A Bala" de 2004, com participação da flautista Karina Neves, que deu um toque especial na gravação. "-Splash!"

Em algumas apresentações, inspirado já no Angus, eu fiz alguns strips no palco com ela. No fim mostrava um tatu de pelúcia de dentro da calça...




Canoa Brasil
Tatubala no Festival de Alegre-ES em 2005
O estilo dela fugia um pouco do caminho progadélico que tomaria o Tatubala. Mas a usei muitas vezes como música de trabalho. Um rock-baião da pesada, pois gostava de misturar guitarra distorcida com ritmo regional brasileiro. Adorava e ouvia muito Chico Science.

Devido a letra "séria", pois contava os problemas sofrido pelos índios, do entreguismo da Amazônia, muita gente que gostava de protesto ia com a cara dela. Inscrevia ela em muitos festivais. Uma vez, o apresentador do Festival Hélio Alonso me ligou e ficou uma hora no telefone pra dizer da classificação dela pro evento: "-Essa música é uma porrada!".
Elke Maravilha entregando o prêmio
de melhor letra em 2005

Conquistamos o prêmio de melhor letra neste festival de 2004 (a 42ª edição) recebendo o prêmio das mãos da recém falecida Elke Maravilha!

Com "Canoa Brasil" fomos participar do Festival de Alegre-ES em 2005. Uma grande experiência, de poder tocar  pra uma grande multidão e ver de perto artistas como Pitty e Marcelo D2, que fechariam a noite no mesmo palco. 





Vírus Rádio Ativo
Tatubala com "Vírus Rádio Ativo" no Saloon 79 em 2007. 
Uma música de vários ritmos. Comecei a fazer a parte instrumental com o tecladista Wagner Monaco, mas foi só o início, até o fim da levada do baixo. A parte seguinte, a"espanhola" veio inspirada após assistir um show da banda independente Nelson & Os Gonçalves. 

Uma das minhas letras mais fortes, com ritmos e tempos diferentes. Uma contestação contra a grande influência da mídia na sociedade. Estava lendo na época o livro de faculdade chamado "Sobre A Televisão" do sociólogo Pierre Bourdieu.

Ficou em segundo lugar no festival da rádio e revista virtual Lágrima Psicodélica em 2010, com bandas diversas de rock psicodélico e progressivo independentes do Brasil todo. Numa entrevista com o organizador Luís Barata, ele elogiou a música, dizendo inclusive que das participantes foi a preferida dele. A banda vencedora foi a mineira Sub Rosa.

Acho ela uma das minhas melhores músicas, tanto que levou o nome do álbum do grupo. Foi uma forma de homenagear pessoas perseguidas pela mídia como Eurico Miranda e Leonel Brizola, entre muitos outros.


              Formação que gravou o álbum "Vírus Rádio Ativo" no Saloon 79. Quem viu viu.


O Dia Vai Chegar
O primeiro baixista do Tatubala, um dos formadores, o Bruno Lima, eu gostava dele pelo seu groove nas quatro cordas. Em ensaios ele tinha mania, de em algumas brechas puxar uma base e a gente ir atrás improvisando num instrumental sem fim. 

Era uma viagem só, até que decidimos por um início e fim na música. Foi aí que criei o tema dela, como nos jazz, e no fim ficou assim a montagem: Introdução, tema, improvisos, tema e fim.
 
Tatubala com a dançarina Paula Cappelletti em 2011

Com ela foi a primeira vez que toquei junto no mesmo palco com meu pai, o trompetista Boanerges de Castro. Isto foi em setembro de 2004, no evento CEP 20.000, no Sérgio Porto, em Botafogo. A galera tava curtindo e tal o show, mas quando ele entrou, juntou uma energia com a banda, poucas vezes sentidas na minha vida, em que o público ficou hipnotizado. Fechei o olho e me senti na Ilha de Wight. Quando terminou a música e o coroa saiu do palco, o público ficou de pé e o aplaudiu entusiasmadamente. Sei que ele ficou a semana inteira ligando pra amigos e parentes falando desse dia. Inesquecível.


                   Gravação de "Dia Vai Chegar" com Boanerges de Castro no trompete

Cana Brava
Tatubala no Espaço Cultural Sylvio Monteiro
em Nova Iguaçu em 2009
Essa foi a música que deu origem ao Tatubala. O embrião de tudo. Ficamos o ensaio inteiro, no estúdio WBS na Barra, eu, Bruno Lima no baixo e Pedro Caboclo na bateria, isso em meados de 2001. Era o tipo de som que queríamos fazer ao montar a banda. Com riffs, groove e mistura de climas. 

A parte do maracatu "Eu vou voltar pra festa do maracatu..." nasceu antes como uma levada de samba. Em seguida com a entrada do Vitor Sulzer na bateria, é que veio a mudança pro ritmo pernambucano.

A primeira vez que tocamos foi num churrasco no salão de festas no prédio onde morava. No caso, a primeira apresentação do Tatubala. Quem viu curtiu muito com o som diferente, ainda instrumental. Nos deu combustível pra seguirmos em frente. A letra remete os dias de bebedeira exagerada com seus finais sem rumos.

Gravamos Cana Brava na demo "Escolhe a Bala" de 2004. Anos depois ela estava nos planos pra regravá-la e fazer parte do novo disco do Tatubala com as novas "Paranoia Psicodélica", "Magia da Caverna", "A Verdade Prevalecerá", etc.


                                  Tatubala em Cachoeira de Macacu em 2006

Bola de Cristal
Tatubala no Cine Rock em Nova Iguaçu em 2011
com Marcelo Bruno, Paulinho e Léo Sampaio.

Após participar dos festivais da Escola de Música Villa-Lobos com "Chá das 5" (2002) e "Cabeça de Rabo de Camarão" (2003) eu tinha que mostrar e tentar superar o que tinha feito com uma nova música no novo festival que viria no fim de 2004. 

Foi na minha época de aprofundamento no rock progressivo, com muito ELP, Jethro Tull, Rush, Mutantes... Montei uma música de sete minutos e chamei pra tocá-la, um baterista, baixista, tecladista, percussionista e flautista para participar. Ficamos uns cinco, seis meses montando ela nos ensaios.


Márcio Boldrini, Anton Folinha e Paulinho de Castro
com Bola de Cristal no SESC Madureira em 2006

No dia do festival fiz de tudo. Me vesti de mago, levei bola de cristal, contei a historinha do "eu vi você criança no Tivoly Park da Lagoa", fizemos cena teatral, improvisos, etc. Quem curtia o tipo de som elogiou muito mesmo. Um jurado e professor, Mauro Wermelinger ficou extasiado. "-Essa é a melhor música do festival!". Mas acho que devido à longa apresentação, não conquistamos nada. Mas valeram muito os aplausos. O caminho do disco "Vírus Rádio Ativo" estava ali.




Cabeça de Rabo de Camarão
Paulinho de Castro no Fest-Villa de 2003
Prêmio de Melhor Intérprete Musical
Essa, junto com "Chá das 5" foram as músicas carro-chefe da banda. No meu prédio havia (ainda há) o Carlinhos do 15, que é um senhor muito culto e alegre com quem encontrava muitas vezes no elevador. Me parece que na época, ele estava com alguns problemas, talvez sentimentais e mentais, e quando conversava contigo emendava uns dez assuntos num só. 

Num desses papos ele me fez uma pergunta querendo saber a diferença entre duas coisas, da qual não me lembro do que disse. Só sei que ele me respondeu: "-Cabeça de Rabo de Camarão!!!". E saiu fora. Foi embora. Aquela palavra soou muito impactante pra mim, e fiquei com ela na cabeça. Foi aí que resolvi fazer uma música em homenagem aos inventores e suas loucuras com esse título.

Com "Cabeça de Rabo de Camarão" tive um dos dias mais incríveis da minha vida. Após tocar no tal do Festvilla em 2002, a inscrevi e classifiquei pra edição do festival no ano seguinte.

Eram duas fases. Semifinal e final. e só podia tocar com músicos da escola. Bruno e Vitinho, que não estudavam lá na época e eram do Tatubala não podiam participar. Nisso arrumei um baixista e um baterista.

Acredita que no dia da primeira apresentação os dois não compareceram!? Na hora do anúncio: "-Próxima concorrente! Cabeça de Rabo de Camarão de Paulinho de Castro...", eu não ia subir sem banda. Foi quando Marcelo Bruno, ele mesmo, o futuro pajé e baixista do Tatubala, me disse: "-Paulinho, vai lá e toca sozinho!". Criei coragem e fui!

Estava com uma roupa totalmente nada com nada. Camisa colorida psicodélia, bermuda de estrelinha e um tênis de cada cor. Fui e subi no palco. Cumprimentei os músicos inexistentes e comecei a tocar. 

O que eu posso dizer é que a escola inteira ficou comovida com o fato e passaram a cantar junto o refrão. No fim, após todas as músicas participantes serem executadas o apresentador anunciou os finalistas. Quando disse o nome da minha, a escola veio a baixo! Vieram todos em cima de mim e fui carregado pelos corredores nos ombros da galera. Tipo cena de filme. 

Recebendo o prêmio de Melhor Arranjo Musical
da banda Cachorro Grande no Rock Colatina de 2009


Na final arrumei os instrumentistas e conquistei, com uma fantasia de Filhos de Gandhi, o prêmio de Melhor Intérprete Musical. Uma história pra guardar pra sempre.

Com Cabeça de Rabo de Camarão, o Tatubala participou do festival Rock Colatina no Espírito Santo em 2009. Conquistamos o prêmio de Melhor Arranjo Musical, com troféu dado pelo baixista Rodolfo Krieger do Cachorro Grande.

Em 2010, gravamos com essa canção o nosso primeiro vídeo-clipe oficial, dirigido pelo Felipe Cataldo. Muito louco!


                               Clipe Cabeça de Rabo de Camarão

Paranoia Psicodélica
Paulinho, Léo Sampaio e Flávia Cappelletti
 no Araribóia Rock em Niterói em 2012 
Na época da gravação do álbum "Vírus Rádio Ativo", o Tatubala estava sem baterista, o Felipe Cotta foi contratado só pra fazer o disco e realizar um show ou outro. No período de mixagem das gravações, o Bruno Portinho, dono do estúdio, me apresentou um ajudante, que dizia ser baterista e se gabava de ser melhor que muita gente. Na carência ali na época, e sem ninguém de baterista em vista pra fazer parte da banda, o chamei pra entrar no grupo. 

Ele veio no início com aquele papo generoso, de coitado, de cachorro faminto e conseguiu nos enganar com umas levadas jazzísticas que fazia. Por incrível que pareça ele tocou duas músicas conosco num festival na Lona Renato Russo, na Ilha do Governador. "Cabeça de Rabo de Camarão" e "Foxy Lady" do Hendrix.

Mas essa pessoa, que veio de São Paulo para o Rio, sem nada ,tinha todas as qualidades ruins que se pode ter numa pessoa. Mentirosa, falsa, invejosa e ladra. Falo isso, hoje em dia sem rancor, pelo contrário, fico rindo das maluquices e doideiras que ele fazia até. Não digo isso só por mim, nem sei porquê perco meu tempo e linhas com ele. Mas sim pela banda, pelo próprio dono estúdio que me apresentou e o arrumou um trabalho pra ele lá, e por fim por uma namorada nova, em que ele conseguiu ir morar por um tempo na casa da família dela. Só pra ter idéia, um membro dessa família, revoltado com suas atitudes, lhe deu uma voadora com tanta raiva no meio de Copacabana. Hilário.


                        No estúdio ao vivo com "Paranoia Psicodélica" em 2014

Enfim... Tatubala, com todo respeito, sempre foi para-raio de malucos, que me renderam boas e ruins experiências. E essa música eu fiz em homenagem à este baterista, que fugiu (disse que foi pra Itália) e nunca mais tivemos notícia.

Paranoia Psicodélica seria o pontapé inicial do meu projeto engavetado, que é o novo álbum do Tatubala. Gravamos ela exclusivamente em 2013 , e no ano seguinte, após 12 anos já estava saturadíssimo e sofrendo com muitas mudanças na banda. Nisso não conseguimos ir à final do Webfestvalda Circo Voador e resolvi parar.

Tenho orgulho de todas músicas que fiz, além de outras muitas não citadas acima. "Lua Cheia", "As Aventuras de Pedro Caboclo No Planeta B-422", "Imaginação", e as nunca gravadas e tocadas. No Tatubala sempre as construímos primeiramente no intuito de nos divertimos, e de ter o prazer de tocá-las no palco e fazer o público viajar junto na nossa onda. O que, gratificantemente, aconteceu na maioria das vezes!

Essas composições é o que deixaremos para o mundo. Talvez como no lema "Eu não sei fazer música, mas eu faço. Eu não sei cantar, mas eu canto" dos Titãs, o lance nosso era ir livre, curtir e botar a cara pra galera.

Quem sabe um dia a gente volta....


Tatubala com Boanerges de Castrono SESC Tijuca em 2005