segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Militares e a Bolha das Elites

Madrugada de 17 de novembro de 1889, pouco mais de um ano e meio após decretar a lei de abolição da escravidão no Brasil, a Princesa Isabel partia para a Europa por ser expulsa do país pelos militares. Liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca, após estes aplicarem um golpe de estado contra o Império, decretaram então a República Federativa do Brasil.


Porém, a liberdade dos negros mulatos não lhes garantiu alguns direitos fundamentais, como acesso à terra e à moradia, que os permitissem exercer uma cidadania de fato. Vieram então os primeiros anos da Primeira República Brasileira, a chamada República Velha. Junto com ela o abismo entre os brancos ricos e os negros pobres. Pois tinham pouco acesso à educação, saúde e cultura.

Muitos dizem ter sido o maior período de exclusão e racismo no Brasil. Veja trecho do filme Menino 23 abordando o tema.



Passado alguns anos, o então presidente Getúlio Vargas em sua fase mais populista e com olhos voltados para a grande população decreta as leis trabalhistas, a CLT. O que deram direito ao trabalhador como jornada de trabalho, férias e 13ºsalário. Medidas que não agradaram muito as elites brasileiras com seus empregados, e o que aconteceu? Nova tentativa de um Golpe Militar, o que culminaria no suicídio de Getúlio em 1954.

Tentativa concretizada na década seguinte, em 1º de abril de 1964. Os militares enfim tomaram o poder do João Goulart, o qual queria as Reformas de Base. Impuseram uma ditadura de 21 anos no Brasil, período em que as desigualdades sociais se alastraram profundamente. Governos bons para os ricos e ruins para os mais pobres. Isso sem falar na censura e tortura imposta aos opositores do regime.

Em 1960, antes da ditadura, o índice de Gini, utilizado para medir a concentração de renda estava em 0,54 (o coeficiente de Gini vai de 0 a 1, quanto mais perto de 1, mais desigual) e pulou para 0,63 em 1977. Como pode ser visto na matéria deste link> Bom da Desigualdade no Brasil

Enfim em 1985, vieram as diretas já, a volta das eleições presidenciais em 1989 com Fernando Collor eleito, e os governos liberais de Fernando Henrique Cardoso e o PSDB. Os sinais das bolhas dos ricos eram evidentes nas grandes cidades. Neste período o Jornal Nacional em 2001 chegou a anunciar uma matéria em que 300 crianças por dia morriam de doenças derivadas da fome. Ver vídeo abaixo.


No ano seguinte, o operário Lula chega ao poder, e em seguida o Brasil sai enfim do mapa da fome em 2014, segundo relatório global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Logicamente, as elites quando passaram a ver negro estudando em universidade, viajando de avião, e inúmeros programas que ajudavam os mais necessitados, não se contentaram. 




Em 2016 novo golpe na presidenta Dilma Rouseff. Em 2018, Lula preso, políticos como Fernando Henrique, Aécio Neves, Paulo Maluf, Temer entre outros livres e por fim, o militar Jair Bolsonaro eleito presidente, tendo como vice o General Militar Mourão. Os quais pretendem seguir a política de privatizar tudo e cortar os direitos de trabalhadores e minorias.

Um dos maiores problemas do Brasil sempre foi a desigualdade social, a maior da América Latina, e uma das maiores do mundo. O que pouco se vê em países como a Suécia devido a distribuição de renda. Fato observado este ano pelo músico Roger Waters, ex-líder da banda de rock inglesa Pink Floyd, quando este passou em turnê em São Paulo e se espantou em olhar para um lado e ver prédios modernos cercados de seguranças, e cerca de cem metros do outro lado, pessoas vivendo em barracos. 


D.Pedro II, Vargas, Jango e Dilma. Quem beneficiou o povo brasileiro não agradou as elites e se deram mal com os militares
Qual será o novo capítulo?





quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Na Alegria Enxerguei a Tristeza

Há dois anos, o meu amigo Fábio Diniz postou uma foto da  vista de sua janela, em que continha na mesma imagem, a Quinta da Boavista com seu Museu Nacional e o Maracanã ao fundo. Dei uma pesquisada na internet e comentei a foto dele com uma ilustração que mostrava o mesmo local, só que bem antes de ainda existir o estádio. Coloquei mais pela curiosidade histórica mesmo. Daí ele até brincou "-Meu prédio já existia, a vista é a mesma!".

Postagem do Fábio com meu comentário à direita com a ilustração antiga da Quinta.
Dali veio a idéia de ir fazer a foto do incêndio do Museu Nacional.

Passados dois anos, no começo da noite daquele domingo do dia 2 de setembro de 2018, eu havia chegado em casa na mesma hora da notícia do incêndio do museu. Naquele momento peguei a máquina e lembrei da vista da janela. Foi a idéia naquele instante  e logo pensei: "Se lá já vão ter outros fotógrafos, então vou tentar algo diferente", e lembrei logicamente da postagem. Em seguida fui lá e fiz o registro no qual infelizmente para nós brasileiros anda rodando aí pelo mundo.




Fato insuperável, que apesar da minha felicidade em termos jornalísticos, ainda continua me deixando amargurado profundamente. Era um local que adorava levar de vez em quando o meu filho. De consolo, o Fábio disse que me espera que eu faça novamente a mesma foto,  só que desta vez com o museu restaurado. É o mínimo que esperamos.