Calma!! Não é mais uma nova enquete A Costeleta, que geralmente faço com discos que completam 30, 40 e 50 anos. Este ano por exemplo já fizemos a dos discos lançados em 1975 e 1985, faremos de 1994 e ainda este ano. Então.. vamos conferir também o que rolou em 1965? Há 60 anos atrás na música!
Então vou colocar aqui os onze que tenho deste ano de 1965. Quem quiser colaborar é só mandar sua lista também de seus preferidos. Só não será uma enquete como as demais que realizamos. Aí vão "Os Onze da Costeleta de 1965".
Fiz isto ano passado com os álbuns de 1964: Os Onze da Costeleta em 1964
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Os Onze da Costeleta em 1965 |
A Love Supreme (John Coltrane)
Em 9 de dezembro de 1964, John Coltrane chegou ao estúdio com seu quarteto, McCoy Tyner (piano), Jimmy Garrison (baixo) e Elvin Jones (bateria), recebeu uma inspiração divina e disse: "-Vamos tocar isso aqui hoje!". E assim foi feito seu disco mais famoso e icônico, sem ensaio e nada.
"O Poema Tonal Definitivo" como foi descrito, é considerado a obra-prima de Coltrane, e é sempre lembrada em qualquer lista dos grandes discos de jazz da história. Quem quiser se aprofundar, vale a pena conferir o livro do autor Ashley Khan que conta a história do álbum.
A estréia arrombadora do The Who! O grupo liderado por Pete Townshend e Roger Daltrey já vinha desde o fim dos anos 50 com "The Detours" e um breve momento como "The High Numbers", se definiu em 1964 pra deixar os concorrentes comendo poeira ao vivo. John Entwistle e Keith Moon fizeram o baixo e bateria deixarem de serem acompanhamento para serem protagonistas dentro do rock.
A faixa título virou hino de uma geração. Mas se destacam outras como a abertura "Out In The Street" e "The Kids Are Alright" entre uns covers de James Brown. Demorei pra ter este fisicamente, mas em compensação adquiri logo uma versão dupla deluxe, que inclui seus primeiro singles de sucesso: "I Can´t Explain", "Anyway Anyhow Anywhere" entre outras faixas.
Out Of Our Heads (The Rolling Stones)
O disco que tem "Satisfaction", hit número um do mundo na época, e que os Stones carregariam pra sempre em seus shows de 60 anos atrás até hoje em dia. Esta faixa só contém na versão americana, pois na Inglaterra os singles costumavam não saírem nos álbuns. E lá saiu desta maneira.
O disco se divide entre covers de R&B e rock e em autorais. Curto muito "The Last Time" e "The Spy and The Fly". A foto da capa é da mesma sessão de fotos dos álbuns "12x5¨ e "The Rolling Stones Nº2".
Rubber Soul (The Beatles) Meu preferido da chamada "primeira fase" dos Beatles. O Curto todas as faixas, desde "Drive My Car"até "Run For Your Life". Neste é a primeira vez em que o quarteto pôde pausar com calma, sem compromissos com shows, programas de rádio e tv, e filmes.
Além do rock, já flertam com folk e uma leve pitada de psicodelia, que viria ser presente nos lançamentos posteriores. Tenho em CD, mas a primeira vez que ouvi este foi em um LP, que meu saudoso amigo Alex Delerue se desfez de seus vinis e me deu de presente.
Miles In Berlin (Miles Davis)
Registro ao vivo do trompetista Miles Davis com seu novo grupo, que viria ficar conhecido como o seu "Segundo Grande Quinteto". Entre a garotada estão: Wayne Shorter (sax), Herbie Hancock (piano), Ron Carter (baixo) e Tony Williams (bateria), nomes que virariam também entidades na história do jazz.
Na excelente apresentação de 25 de setembro de 1964, inclui clássicos da carreira de Miles, como "Milestones", "So What", "Autumn Leaves" e "Walkin" tocados nessa pegada hard-bop.
December´s Children (And Everybody´s) (The Rolling Stones) Quinto álbum da discografia americana, mas pode-se considerar uma compilação. É o último a apresentar uma quantidade significativa de covers. Possuem músicas, que ao vivo tem uma pegada que até considero punk, como "She Said Yeah", "Rote 66" e a sensacional "Get Off Of My Cloud".
Mas o álbum é diversificado em outros estilos, e tem clássicos como "As Tears Go By", que já havia sido lançada no ano anterior com a cantora Marianne Faithfull, que viria ser namorada de Mick Jagger. Canção já foi interpretada pela Nara Leão aqui no Brasil. Outra famosa é "I´m Free", presente vira e volta até hoje em dia. A capa usa a mesma foto do "Out Of Our Heads" britânico.
The Rolling Stones Now! (The Rolling Stones) Lançado no início do ano nos EUA, antes de Out Of Our Heads e December´s Children. É quando a dupla Jagger/Richards começa a compor um pouco mais. Com destaque para "Hear Of Stone".
No meu gosto pessoal tem menos brilho que os outros dois discos lançados em 1965. Entre os covers curto bastante as interpretações de "You Can´t Catch Me" de Chuck Berry e o blues "Little Red Rooster" de Willie Dixon, em que Brian Jones se destaca com seu slide.
The John Coltrane Quartet Plays (John Coltrane) Mais um lançamento pela Impulse! do maior quarteto de jazz do mundo, feito pouco após o lançamento do aclamado A Love Supreme. Abre coma intensa e muito suingada "Chim Chim Chree", composição dos irmãos Sherman. Tem uma levada e solo de McCoy Tyner que já vale o disco.
Mas não é um álbum já de fácil acesso aos ouvidos, pois Coltrane já ruma para outras direções, já com um pezinho no free. Jimmy Garrison usa em momentos o arco em seu baixo nas faixas autorais "Brazilia" e "Song Of Praise". Destaque também para "Nature Boy" de Eden Abrez, que teve sua primeira gravação com Nat King Cole em 1948 e também por Ney Matogrosso décadas depois, no disco, Seu Tipo de 1979, como "Encantado".
Help! (The Beatles)
Quinto álbum no áuge da beatlemania, que teve até filme. Curto as mais rock como a faixa título "Help!", "The Night Before", "Ticket To Ride" e "Dizzy Miss Lizzy", além de "You´ve Got To Hide Your Love A Way". Canções eternas e contagiantes.
Tem a famosíssima lenta, "Yesterday", que nunca me importei muito, mas reconheço sua popularidade. Tive a sorte de achar a box de CDs com toda discografia com um preço muito acessível.
O Canto Livre de Nara (Nara Leão) É o terceiro álbum de Nara, que já vai muito além da bossa-nova, pois interpreta compositores populares e do samba, como Dorival Caymmi e Zé Keti, no objetivo de chegar mais ao povão e mostrar a sua realidade.
A faixa "Carcará" é um símbolo musical sobre a fome no nordeste e contestação do Brasil daqueles anos. Fez enorme sucesso com Maria Bethânia. O nome do disco é o mesmo do documentário recente muito bom sobre a vida e carreira da cantora.
É o primeiro lançamento de inéditas do então novo quinteto de Miles, no qual eu já citei acima no Live In Berlim. Neles ouvimos o grupo mais livres, sem baladas ou padrões. A faixa-título é uma música do saxofonista Wayne Shorter, que inclusive, Miles dá abertura para composições para todos os novos membros.
Particulamente eu não acho um disco de ótimas músicas, em comparação à outros, mas a qualidade instrumental é de alto nível. É o último disco a contar com Francis na capa, então esposa de Miles Davis, os quais se separariam no fim de 1965.
Menção Honrosa:
Highway 61 Revisited (Bob Dylan)
Quem quiser pode mandar sua lista!