Hoje meu pai, Boanerges Aguiar Castro faria 83 anos de vida. Aproveito a data de seu nascimento para inaugurar a sessão "Baú do Boa", no meu blog A Costeleta, na qual pretendo de vez em quando relembrar e divulgar histórias, músicas e aprendizados de sua rica e icônica vida.
Bem, hoje é dia 15 de novembro, Proclamação da República, e nada mais apropriado também pra falar de golpes e corrupção. Segundo o dicionário Aurélio: "ato ou efeito de corromper-se; decomposição; depravação; suborno; peita". Mas um dos pontos é que quero chegar, é que o termo corrupção serviu muitas vezes de ingrediente e arma para diversos momentos gopistas da história do Brasil. Os quais citarei mais à frente. E antes de tudo, não quero defender corruptos.
Enfim, voltando ao meu pai, ele começou a trabalhar como bancário em 1962 no Banco do Brasil, de Caetité, no interior da Bahia, quando passou no concurso nesta cidade, na qual inclusive conheceu minha mãe, Marivone, que se casaram. De lá ele, sendo muito competente, progrediu, e foi promovido para Saldador, pro Rio de Janeiro, pra Casablanca no Marrocos, e retornou por fim retornou ao Rio, onde se aposentou. No caminho ambos tiveram e criaram eu e meus três irmãos.
Como em qualquer lugar, seja empresa, condomínio, hospitais ou que for, quase sempre existem os "espertinhos", que e não são exclusividade do B.B., e muito menos do nosso país. Eles existem e se seduzem, para o concreto da palavra: Roubar. E nestas décadas todas, Boanerges viu de perto e soube de alguns casos. Um dos mais famosos até, do "beneficiário" que virou até filme: "O Bom Burguês" de 1983. Personagem, inclusive, na vida real foi morar no mesmo prédio, da nossa família, no lendário Terrasse Leblon, no Rio. Mas isso essa é uma outra história...
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| Boanerges, penúltimo em pé na fileira do meio, no estilo hippie. Cabeludo, barba e calça boca de sino no Banco do Brasil, Jacobina-BA em 1974. |
Quero relembrar algo que ele próprio me contou algumas vezes. Precisamente no início dos anos 60, quando a elite brasileira e os militares quiseram derrubar o então governo de João Goulart. E usaram fortemente o elemento corrupção pra tirar Jango da presidência do Brasil. Eu não sei a posição política do meu pai, em seus tempos de adolescencia e até este período. Sei sim, que pela personalidade dele, sempre presou pelo progresso, patriotismo, honestidade e pelo combate à desiguadade do país.
Então neste período entre 1962 e 1964, meu pai foi convecido por colegas de banco à apoiar e ser à favor dos militares. De que dali em diante, algo inclusive que sempre existiu desde o Brasil Império, que acabariam com a corrupção de uma vez por todas.
O golpe veio, o regime militar se instalou por 21 anos. Ele viu o "milagre econômico" emergir e ruir nos anos 70, e neste meio viu as mesmas pessoas que eram à favor dos golpistas, fazerem suas artemanhas e se beneficiarem ilegalmente dentro do banco. Nisto, como de praxe dele, Boanerges os questionou. "-Como vocês estão fazendo isso!? Isso é errado! Vocês não eram contra a corrupção!?".
E com isto, ao mesmo tempo percebendo também, as atrocidades de censura, violência e torturas, viu que aquilo tudo só se passava por balela para alcansar o poder. Inclusive, acho que por ele saber de mais, e talvez de alguma maneira querer denunciar, ele foi convidado à ter que trabalhar fora do país. E aí deram três opções: Panamá, acho que Benin, mas ele optou pelo Marrocos, onde vivemos de 1981 até 1986. Precisavam se livrar dele.
Por fim, meu pai concluiu, que acusar de corrupção, muitas vezes serviu apenas de pretexto para derrubadas de governos, seja com a Monarquia (1889), seja com Getúlio Vargas (1954), seja com Jango (1964) e até mesmo recentemente com a Dilma (2016)
Viva Boanerges, e um Feliz Dia de Umbanda à todos!
