sábado, 5 de maio de 2012

Pela Espinha Dorsal



Dorsal Atlântica de volta em 2012
Foto: Sérgio Filho
“Os alemães irão receber a guerra de aniquilação que tanto procuraram, e serão exterminados." 


A ambição no discurso de Joseph Stalin durante uma das batalhas mais sangrentas da história da humanidade, a de Stallingrado em 1941, pode ser remetida ao desejo que tantos amantes do metal brasileiro querem para o místico ano de 2012.

Depois de 22 anos separados, a formação clássica da banda carioca Dorsal Atlântica (Carlos Lopes no vocal e guitarra, Cláudio no baixo e Hardcore na bateria) se prepara pra realizar o que tantos metaleiros procuraram nestes últimos anos: A reunião de volta para o lançamento de um novo álbum do trio.

Fora das pretensões, regras e formatos de gravadoras, o Dorsal Atlântica resolveu apostar na vontade e sonho de seus fãs e arrecadar um total de R$40mil para as despesas gerais de realização de seu novo disco. Quem cooperar terá seu nome gravado no encarte. O video e link abaixo mostram o procedimento. 


Link:  http://catarse.me/pt/projects/659-novo-cd-da-banda-dorsal-atlantica#updates


                                                              Video da campanha


O blog A Costeleta conversou com o líder Carlos Lopes (ex-Vândalo):

A Costeleta: Neste início de campanha, qual foi a reação do público do Dorsal em relação à reunião do grupo em lançar um novo disco? O resultado vem te satisfazendo até o momento?

Carlos: O público da Dorsal está nos apoiando exponencialmente, as porcentagens duplicam dia a dia e até o momento a meta semanal está sendo atingida. Crowdfunding é um sistema de realização de projetos, financiado pelas pessoas, sem intermediários.  A data limite para que o apoiador invista na produção do CD é 10 de junho de 2012. Se até essa data, se o valor total não for arrecadado, o CD não será produzido. De 40 mil, um valor subfaturado, 27,5 % são do imposto de renda e 12% do site Catarse. Os valores de contribuição cobrem todas as despesas relativas à gravação e prensagem do novo CD da Dorsal Atlântica. As diversas opções de investimento estão disponíveis no site catarse.me, conforme o link acima.

Os fãs podem esperar um disco remetendo as raízes da banda ou vem por aí alguma novidade sonora musical além do tradicional?

Carlos: Se o CD existir, será um trabalho de homenagem aos fãs. Uma das músicas, que talvez feche o disco, ou seja enviada como bônus, é um hino que agradece aos fãs pelo empenho durante a campanha. Mas tudo isso só se tornará realidade se alcançarmos o valor total até o dia 10 de junho. 

A inspiração para o novo trabalho vem dos nossos primeiros LPs entre 1986 e 1990, gravados pela mesma formação que participa da campanha. As músicas estão sendo escritas há dois meses, desde que o projeto foi pensado. As letras falam sobre guerra (tema do nosso primeiro LP) e sobre questões humanas (exatamente como as letras do segundo LP).  O que deve ficar claro é que esse não é um disco saudosista, mas um trabalho que espelha o nosso passado, com a força do presente e as lições que aprendemos na vida e na estrada. 


Carlos, neste período “afastado” do metal, com seus outros trabalhos, você curtiu algo no Heavy Metal, seja no Brasil ou no exterior?

Carlos: Acompanhei profissionalmente, por assim dizer. Fui produtor e apresentador do programa Puro Metal na Rádio Venenosa FM do Rio durante alguns anos e pesquisei bastante para ter um programa dinâmico. Como jornalista musical, durante mais de uma década, quem mais me chamou a atenção foi o System Of A Down. Eu precisava de um bom tempo para respirar, para poder me recompor e conseguir olhar para o estilo sem tantas cobranças. Pense bem, se eu me cobrava para ser mais criativo, escrever melhor, ousar, obviamente eu também cobrava isso das bandas e eu não via isso. Houve um desinteresse, pois a cena prega muito pelo continuísmo e a Dorsal nunca foi uma banda que se repetisse, que pregasse a estatização do pensamento, o cerceamento da liberdade. 

Ao longo de toda a história, como você vê o tratamento dado pela mídia ao Dorsal Atlântica?

Carlos: Sempre foi excelente, tanto a mídia segmentada como a externa. Fizemos várias matérias na Rede Globo, Manchete, Jornal o Globo, Folha de São Paulo, Revista Veja, MTV, e ao mesmo tempo éramos figuras constantes em grandes revistas especializadas como a Rock Brigade e a Roadie Crew e em todos os zines de xerox. Íamos de A a Z, de Z a A.

Caso o planejamento do novo disco dê tudo certo, você estará animado para realização de novos shows?

Carlos Lopes com Joaquim de Castro.
Foto: Paulo Fernandes/A Costeleta
Carlos: Se as propostas forem bastante profissionais, pensaremos no assunto com muito carinho. Como disse algumas vezes, a campanha do novo CD teve início de fato, quando a produção do 'Metal Open Air', o mal fadado festival que não ocorreu no Maranhão e que contava com um cast de dezenas de bandas fabulosas, nos pediu que fechássemos uma das 3 noites do festival e nenhuma outra banda brasileira foi convidada para fechar uma noite. Nos disseram que a abertura para a Dorsal Atlântica, seria feita pelas bandas Exodus e Anthrax. 99% das bandas brasileiras aceitariam na hora, mas eu disse não porque não havia cachê. 

Quem mereceria mais? O Dorsal de 1985 ter participado do Rock In Rio I ou o Dorsal de 2012 no tocar no próximo Rock In Rio IV?

Carlos: Apresentar-se em festival é uma questão empresarial. Não se engane. Nós tocamos no festival Monsters of Rock em 1998 no estádio do Pacaembu com Manowar, Saxon, Glenn Hughes, Megadeth , Savatage, Slayer e Dream Theater porque duas revistas brasileiras fizeram uma campanha e arrecadaram 30 mil assinaturas de fãs pedindo que tocássemos. Graças a esse volume absurdo de fãs na época em que a internet ainda estava engatinhando, a produção do festival nos procurou e disse que estávamos dentro, sem termos que pagar, mas já que a escalação estava fechada, deveríamos tocar antes do festival começar. Foi uma aventura. Em 1985 estávamos lançando nosso primeiro vinil, Ultimatum (que está sendo relançado agora em 2012, também em vinil) e éramos carta fora do baralho. 

Houve uma enquete feita por uma grande revista brasileira, na qual fomos escolhidos pelo público, como uma das atrações mais esperadas para o Rock In Rio II. Aquela sim, seria a nossa chance, mas éramos ingênuos, não tínhamos empresários, e assim nossa chance se foi. Agora se a Dorsal tocará no próximo Rock In Rio, isso depende dos fãs fazerem a história agora pelas próprias mãos, até o dia 10 de junho e contribuírem para que o nosso CD, que de fato é o CD de todos, o CD do povo se torne realidade. Os fãs agora precisam fazer história e quebrar barreiras, acabar com o marasmo e o continuísmo.

Títulos do novo álbum do Dorsal Atlântica até o momento:
Dorsal em breve novamente em estúdio
Foto: Sérgio Filho
-Meu Filho Me Vingará 
-Stalingrado
-Operação Brother Sam 
-Jango Goulart
-Eu Minto, Tu Mentes
-Todos Mentem
-O Retrato De Dorian Gray
-Corrupto Corruptor
-Colonizado / Entreguista
-A Invasão Do Brasil
-168 Bpm
-Imortais

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