terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Águas da Colina

Um assunto que vem dividindo opiniões entre os vascaínos atualmente é o da interdição e o da possível demolição do tradicional Parque Aquático de São Januário, construído em 1953. O local que serviu de sede  para a Copa do Mundo de Natação em 1998, está com um futuro incerto e deixou infinitas lembranças nos sócios e atletas nas demais décadas em que desfrutaram das piscinas do clube.


Ricardo Lisboa em dois momentos na Piscina do Vasco.
No início da década de 60 (Foto: Arquivo pessoal),
e no detalhe nos anos 2000. (Foto: Paulo Fernandes/A Costeleta)

Uma delas é Ricardo Rocha Lisboa, de 64 anos, que foi goleiro de Polo Aquático do Vasco na década de 60, (Water Polo na época) além de nadador da categoria master entre 2004 à 2006. "Fica a saudade, pois eu vi aquele parque funcionado à todo vapor. Eu quando garoto via equipes de Saltos Ornamentais, Natação, Aqualocos e Polo Aquático treinando. Eu vivi aquilo, era muito gostoso". Disse Ricardo relembrando seus tempos de atleta.

"No meu primeiro jogo, eu era o segundo goleiro, e o titular era o Carlinhos (Jacaré). Íamos jogar contra o Fluminense, que tinha uma forte equipe, às nove e meia da noite no inverno. Ressalto que naquela época não havia a facilidade de piscina aquecida. Nisso Jacaré forjou uma câimbra e acabei entrando e fechando o gol. Peguei praticamente tudo! A partir desse jogo eu ganhei a vaga e de titular. Mais tarde sagrei-me Campeão Brasileiro Juvenil pela Seleção Carioca".

Apesar das lembranças defendo as cores do Vasco, Ricardo se mostra frio quanto à uma possível transformação da piscina em estacionamento para o "projeto" da Arena de São Januário.

"Fiquei triste com as fotos do estado atual do Parque Aquático, mas pra mim é indiferente e tanto faz, pois não voltará a ser como era antes. Há uma filosofia na China em que diz pra não voltar ao lugar onde um dia viveu momentos felizes, pois corremos risco de nos decepcionarmos".

Indiferença se contradiz na saudade de Raïssa Lisboa, filha de Ricardo, a qual nadou no clube em meados da década passada. "Sou vascaína e queria muito voltar à nadar no meu clube de coração. Fiz muitos amigos lá. Pra mim, nas piscinas do Rio onde nadei, o Parque Aquático do Vasco era o melhor." Comentou Raïssa, de 19 anos, ex-atleta do Vasco-Sportech.

Raïssa sonha em voltar à nadar no Vasco
Foto: Arquivo Pessoal
Em tempos de Olimpíadas e Copa do Mundo chegando no Brasil, muitos se lamentam para uma possível demolição das piscinas de São Januário. Nisso, Ricardo Lisboa foi mais fundo no assunto, e ressaltou em que o esporte não tem mais o objetivo de antigamente. "Esses eventos de alto nível são hoje em dia negócios para muita gente, como a televisão, cervejarias, fabricantes de materiais esportivos entre outros. Em síntese, esporte já foi sinônimo de saúde. Hoje é sinônimo de negócio, além do que essas competições não trará nenhum benefício para a humanidade como um todo e sim, somente, enriquecer meia dúzia de Blaters da vida". Finalizou o senhor Lisboa.

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